Uma linda história de família (e de amor!)

Um caderno que temos o maior prazer de editar: contar a história dos vendanovenses que viveram mais de 90 anos

José Brambilla e dona Maria Poletto Brambilla

Falar do ‘seu’ José Brambilla (95) sem mencionar dona Maria Poletto Brambilla (89) é como falar de amor sem rosas, céu sem sol, noite sem estrelas… São setenta anos de casados e de uma união que encanta a família de doze filhos, seis homens e seis mulheres, e muitos netos. “Foram quinze filhos, relacionamos 12 vivos: (Genésio, Luiz, Ademar, Joel, Marleni, Ismael, Célia, Sônia, Hozana, Dinalva, Dailza e Izael,), mas três morreram antes de nascer; um deles, inclusive, quase me matou também porque demorou a ser retirado”, relembra dona Maria, falando de uma complicação num dos partos e ‘roubando’ a palavra durante a entrevista como quem impõe naturalmente anos de liderança matriarcal.

“A mãe sempre foi um ‘barganhateira’ de mão cheia”, emenda um dos filhos. “Saía com um saco de feijão e ia trocando por outras coisas, mamão, banana, abacate; às vezes, as mulheres trocavam comigo às escondidas dos maridos para não dar briga”, recorda, assistida à distância pelo marido, que sempre exibe um sorriso maroto como quem diz internamente “pode falar primeiro, eu deixo”, e pelas filhas, que se revezam em não deixar o casal sozinho por causa da idade avançada e dos problemas de saúde de dona Maria, que por conta de carregar excesso de peso quando mais jovem desenvolveu sérios problemas na coluna e nas articulações.

“Sempre gostei de sanfona. Isso vem desde a época do meu pai” – José Brambilla, 95 anos

São uma família que exala profundidade de vida e proteção uns para com os outros

José Brambilla nasceu na vizinha Conceição do Castelo, época em que ela ainda era distrito de Castelo e se tornou cidade-mãe de Venda Nova do Imigrante, então uma vila, com algumas ‘vendinhas’ de secos e molhados, daí a origem do nome do município mais tarde. “Cheguei em Venda Nova do Imigrante em 1928, depois que meu pai (Ernesto Brambilla) comprou uma propriedade com uma casa de tábua lá pelos lados do viaduto (trecho da BR-262, na saída sentido-litoral). Lembro dele contando que precisava reconstruir a casa porque alguém da família Carneiro havia ateado fogo nela depois de não receber permissão para namorar uma de minhas tias”, revela.

A benção das alianças com padre Cristian

“A vida passa voando”

José e Maria Brambilla com os filhos e o irmão

Hoje com 95 anos de idade, ‘seu’ Zé, como é carinhosamente conhecido na vizinhança, ainda preserva o hobby de tocar sanfona na sacada da casa na Vila Betânea, onde vive há dezessete anos. “Toquei por dezesseis anos como voluntário do Grupo da Terceira Idade, agora é só pra distrair”. Há dias que ‘o show’ do sanfoneiro na sacada de casa recebe a parceria de um dos filhos mais velhos. “Sempre gostei de sanfona. Isso vem desde a época do meu pai, que comprou uma sanfona, mas meu irmão mais velho a deixava no alto por ciúme do instrumento e não me deixava tocar”.

O único momento em que foi possível perceber o sorriso se apagar do rosto de ‘seu’ Zé foi quando se lembrou de um dinheiro que emprestou para um trio de irmãos vizinhos e perdeu dinheiro. “Eram 1.600 cruzeiros, havia vendido minha casa, emprestei o dinheiro para três irmãos com a promessa de receber com juros de 5% em trinta dias. Quando recebi, dava para comprar um sorvete. Moro de aluguel até hoje por causa disso”, se lamenta.

Dinheiro nunca foi um problema, nem uma prioridade. “Sempre trabalhei como colono, trabalhei em Alfredo Chaves, Paraju, plantando feijão, café, mas sobre essa questão desse dinheiro…”, entristece-se sem terminar a frase, deixando transparecer que o remorso não passou.

Mas o sorriso logo volta com um novo assunto que envolve toda a família: política. “Não sei ler, nem escrever, mas ajudei o Dalton a se eleger”, fez questão de dizer dona Maria quase em tom de jingle, referindo-se ao ex-prefeito Dalton Perim. “A mãe não tem estudo, mas tem sabedoria”, frisam os filhos.

A roda de sanfona não pode faltar

Sabedoria e força:
“Quando meu avô não concedeu a mão da minha mãe para meu pai, dizendo que ele precisava namorar mais três anos (já namoravam havia três), meu pai ‘roubou’ ela à noite”, conta dona Maria, toda orgulhosa, soltando uma risada boa e trazendo à memória os tempos de peraltices na região do Caxixe, de onde vem a história dos pais Andrea Busquim Lorenzoni e Joana Lorenzoni.

Seu Zé confessa:
“Não gostava de estudar, mas de brigar, brigava muito, e depois chegava em casa e apanhava da mãe”, também lembrando da mãe Katarina Maretto. E assim foi uma tarde com os Brambilla. “Se deixar, você fica aqui o ano todo ouvindo histórias”, advertem os filhos ao redor do saudoso casal. Sobre uma frase para resumir a vida, ‘seu’ Zé resume mesmo: “passa voando!”.

Agradecimento:
Seu José Brambilla, toda a equipe do Jornal VNI Notícias ficou imensamente honrada em conhecer o senhor e sua família. Muito obrigado! Um agradecimento especial ao neto do seu José, Alex Brambilla Rébuli, que gentilmente contribuiu com a nossa equipe e nos ajudou a contar essa linda história.

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